Agência Minas Gerais | Conexão Minas-Saúde reúne secretários de saúde de todo o estado
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems) realizam, até esta quinta-feira (7/12), em Belo Horizonte, o Conexão Minas-Saúde.
O evento, que visa aperfeiçoar os processos de gestão no Sistema Público de Saúde (SUS) de Minas Gerais, conta com 1200 participantes, entre os 853 secretários municipais de Saúde do estado, técnicos e gestores de saúde municipais, estaduais e federais.
Na programação, estão conteúdos voltados ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de gestores, a organização e governança da Rede de Atenção à Saúde (RAS), os projetos estruturantes da SES-MG e do Ministério da Saúde e os projetos premiados de boas práticas e inovações mineiras.
Mediando a mesa “Liderança de equipes de alta performance e gestão para resultados”, nesta terça-feira (5/12), a secretária de Estado Adjunta de Saúde, Poliana Lopes, apontou a importância de troca de experiências para a criação de equipes de alta performance na área da saúde. “Essa mesa foi bastante significativa, pois é um desafio grande ser líder. Lidamos com muitas pressões no cotidiano e precisamos estar preparados. Os convidados trouxeram ensinamentos importantes para nós gestores dessa área tão desafiadora e nos preparamos melhor para enfrentar esses desafios”, disse.
A diretora de Metodologia e Negócios da Betania Tanure Associados (BTA), Príscilla Duarte, apontou alguns conhecimentos que podem fazer toda a diferença para potencializar equipes. “A área da saúde é de muita tensão. É fundamental que o gestor tenha competência de perceber o outro, ter empatia, criar conexão, olho no olho, estar próximo, ter boa comunicação e saber identificar a potencialidade de cada integrante da sua equipe, pois isso irá calibrar a tensão, aumentar a performance e captar a inteligência coletiva”, aponta.
Também participou da mesa o automobilista Cristiano da Matta, que trouxe sua experiência como integrante de equipe de alto performance de Fórmula 1. “Em uma corrida, o piloto é responsável por levar o carro até a linha de chegada, mas, por trás, há uma equipe alinhada, preparada tecnicamente, que em conjunto alcança os objetivos traçados. Acredito que na área da saúde esse desafio seja muito maior. É preciso saber se comunicar, sair da zona de conforto, ter objetivos claros e buscar estratégias que fazem a diferença na tomada de decisões não só da equipe, mas na vida das pessoas”, complementa.
Comunicação
Na mesa “O poder (e a responsabilidade dos diversos atores) da comunicação para a saúde”, o mediador e jornalista Benny Cohen abordou a importância de uma comunicação clara e responsável, principalmente, na área da saúde.
“A comunicação é fundamental na administração de conflitos, permeia todos os processos e conecta pessoas. Um dos desafios nos dias de hoje são as redes sociais, que podem ser tanto grandes difusoras de conhecimento quanto de fake news. Temos que ficar atentos e desenvolver estratégias para levar esclarecimentos, como a de inserir representantes técnicos em grupos de discussão na internet para orientar e fortalecer as informações verdadeiras e seguras, evitando notícias falsas e desinformação”, citou.
O jornalista Eduardo Costa apontou a responsabilidade da imprensa na veiculação de notícias relacionadas à saúde. “A relação da imprensa com a área da saúde tem que ser de parceria, proximidade e transparência. É um assunto que impacta a vida das pessoas e ter esse contato direto facilita a compreensão do cenário. Portanto, há menos chance de passar informações que possam causar confusão ou incompreensão. Uma comunicação alinhada possibilita uma população informada”, disse.
Para a médica pediátrica, Dra. Filó, a comunicação tem um poder muito grande e pode influenciar diretamente na vida de uma pessoa. A comunicação tem que ser clara, verdadeira e acessível a todos. Uma notícia falsa ou uma informação mal comunicada pode gerar resultados trágicos na vida da população. Temos que ter responsabilidade e compromisso sempre com a verdade e clareza no que estamos transmitindo”, disse.
Ainda segundo a médica, a comunicação tem que ser bem feita e ajustada à realidade local para que chegue a todos. “Quando temas relacionados à saúde são veiculadas pelas mídias e redes sociais, sabemos que aquilo irá impactar na vida das pessoas, portanto, é preciso clareza e verdade e sempre buscar informações em órgãos oficiais”, complementou.
Regionalização
O Conexão Minas-Saúde teve início na manhã desta terça-feira (5/12), com a mesa “A regionalização da saúde a partir dos olhares de gestores de municípios de diferentes portes populacionais”, que contou com a participação do subsecretário de Regionalização da SES-MG, Darlan Thomaz.
“Trouxemos a experiência de gestores de saúde, representando municípios de pequenos, de médio e de grande porte assistencial e populacional. O estado é muito diverso, Minas são muitas. E, por isso, é importante conhecer as necessidades, desafios e problemas dos diferentes municípios, buscando compreender como melhorar o acesso aos serviços de saúde a todos os mineiros”, disse Darlan.
Um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), a regionalização é o eixo que estrutura a rede no país, buscando racionalizar os recursos, corrigir as desigualdades no acesso e a fragmentação dos serviços de Saúde.
Danilo Borges Matias, secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, falou sobre os desafios de oferecer saúde pública em uma cidade com mais de 2,7 milhões de habitantes.
“Temos uma rede grande, com muitos equipamentos de saúde para administrar. Além disso, lidamos com questões como violência nas unidades, atuação da imprensa, atendimento a uma população de rua crescente. Compreender nossa realidade, nossa estrutura, é importante para continuarmos a fazer parte de uma rede de saúde pública que funcione de forma regionalizada”, disse Matias.
Marcelo de Andrade, secretário Municipal de Saúde de Tiradentes, possui dificuldades diferentes. Com aproximadamente 11 mil habitantes, o município enfrenta desafios de uma cidade de pequeno porte com forte vocação turística. “Conhecemos as pessoas da cidade pelo nome, pela filiação. No entanto, nos finais de semana temos um movimento grande de turistas. A cidade não oferece aparelhos de saúde capazes de atender toda essa população flutuante”, disse.
Para o secretário Municipal de Saúde de Curvelo, Raphael Dumont, no município de médio porte o desafio é acompanhar os contratos de prestação de serviços. “A maior dificuldade que enfrentamos é articular a rede de atenção secundária, na maior parte composta por instituições filantrópicas. Temos dificuldade de estabelecer e acompanhar contratos com essas unidades para prestar serviços pelo SUS”, apontou.
Planejamento
Com o tema “Estratégia e Planejamento em saúde”, a mesa contou com a moderação de Maflávia Ferreira, superintendente Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais. Ela afirmou que o planejamento torna mais efetivo os recursos disponíveis: “Oferecer saúde pública exige que os gestores estabeleçam planejamentos assertivos que possibilitem empregar os recursos de maneira mais efetiva”, disse.
Abordando o planejamento com foco em pessoas, Shirley Berti, consultora de Gestão na Saúde, falou aos participantes sobre a importância de conectar as equipes para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. “Em relação às pessoas, precisamos ter em mente de onde viemos, de onde partimos, onde estamos e onde queremos chegar”.
Participando do debate, Francisco Tavares, diretor Executivo da Unimed Uberlândia, afirmou que o planejamento em saúde é um desafio que deve ser enfrentado para garantir melhoria na qualidade de vida das pessoas.
“O caminho para uma saúde de qualidade é planejar. E planejar começa com a escuta das dores e necessidades das pessoas. A partir dessa escuta, se estabelecem objetivos e se definem estratégias para serem executadas”, explicou.
Judicialização
Com o tema “(Des)Judicialização da saúde: é possível”, o debate foi moderado pela subsecretária de Acesso a Serviços de Saúde, Juliana Ávila.
“A judicialização atravessa todo o planejamento em saúde porque, para a atender às ordens judiciais, temos os mesmos recursos. Em um cenário de restrição orçamentária, para construir um SUS de qualidade, é necessária uma discussão permanente da judicialização”, explicou.
Fabrício Simões, secretário de Saúde de Contagem, falou sobre a importância de os gestores conhecerem a legislação para atuar. “Para garantir a saúde como um direito, é necessário conhecer o que as leis determinam como competência municipal e atuar a partir dessas leis”, disse.
O desembargador Osvaldo Firmo afirmou que a judicialização da saúde trouxe benefícios para a comunidade porque atua no momento que o usuário do SUS está desamparado. Portanto, garantir o acesso ao Judiciário fortalece a democracia e deve ser qualificada para não perpetuar desequilíbrios.
“As pessoas procuram o Judiciário quando seu direito constitucional à saúde não foi atendido. No entanto, é necessário separar a boa judicialização quando ela atende um direito, da má judicialização, quando o estado arca com situações equivocadas”, explicou.
A advogada e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Iara Figueiredo, explicou aos participantes que a noção de ‘desjudicialização’ não busca dificultar o acesso da população ao Judiciário, mas tentar resolver os conflitos sem precisar acionar a instância.
“Muitos processos solicitam serviços que são possíveis de resolver em uma intermediação entre gestores e cidadãos. Desjudicializar é uma tentativa de atender as demandas sem precisar acionar o Judiciário, buscando resolver o problema com medicação das partes”, disse.
Saúde em Minas na palma da mão
Nesta terça-feira, durante o Conexão Minas-Saúde, a SES-MG também lançou o canal de transmissão “Saúde MG”, no aplicativo de mensagens WhatsApp, a fim de aproximar e facilitar o acesso dos mineiros às notícias, alertas e campanhas.
Por meio da ferramenta, os cidadãos poderão acessar conteúdos oficiais, com temáticas diversas, como campanhas de vacinação, orientações para prevenção a doenças, promoção à saúde e outros serviços.
A inovação vai contribuir para tornar real o SUS ideal, fazendo com que informações importantes de saúde circulem de forma mais dinâmica e ágil, contribuindo também com o combate às notícias falsas.
Além do canal no WhatsApp, que pode ser acessado por meio do link https://whatsapp.com/channel/0029VaEgdQu5q08Vq0iLIy2J, a SES-MG está nas principais redes sociais: Instagram: www.instagram.com/saudemg; Facebook: www.facebook.com./saudemg; e Linkedin: www.linkedin.com/company/saudemg .
Outros debates
Concomitante aos debates moderados, os participantes do evento também têm acesso a palestras, oficinas e rodas de prosa.
Na palestra “Participação Social no SUS”, Lourdes Machado, presidente do Cosems, falou sobre a importância da participação dos usuários na construção da saúde pública. “A democracia participativa é muito importante para o SUS. Toda política de saúde precisa passar pela instância do controle social”, destacou.
No primeiro dia de evento, também foram realizados os debates moderados “A cooperação solidária dos poderes Executivos e Legislativo no alcance do SUS ideal”, que contou com a moderação da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, e “Nova lei de licitações e contratos”, além das palestras “Salvando vidas por meio da inovação – Conexões e resiliência por trás da calixcoca”; “Linhas de cuidado prioritárias da SES/MG”; “Rede de oftalmologia”; “Descentralização da gestão dos prestadores de média e alta complexidade – PPI”; Sistemas de informação do SUS-MG – Produção ambulatorial e hospitalar”; e “Atenção especializada, PPI e contratualização”.
Nesta quarta-feira (6/12), além dos debates, palestras, oficinas e rodas de prosa, também será realizada a 303ª reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a reunião do Cosems.
O evento está sendo transmitido ao vivo pelo canal da SES-MG no YouTube.
Mais informações e a programação completa estão disponíveis neste link.